Os especialistas, entretanto, ressaltam que ainda é muito cedo para um prognóstico definitivo
Chuvas significativas não devem voltar a ocorrer no Ceará durante o último trimestre do ano. Projeções da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) indicam possível neutralidade do fenômeno La Niña, um dos responsáveis pela configuração de cenários chuvosos no Estado, nos primeiros meses de 2018. Caso ele se concretize, as precipitações devem ficar dentro da média histórica, a exemplo deste ano.
“Existe um resfriamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial que pode levar à La Niña. As estimativas mostram que esse fenômeno pode se configurar até o fim do ano, mas algumas previsões internacionais indicam que ele pode não estar presente no período de março e abril, quando é mais importante pra gente”, destaca o meteorologista Raul Fritz.
Se a La Niña se dissipar no início do ano, há maior indicativo de ocorrência de águas neutras, o que, segundo o meteorologista, é melhor que a manifestação do El Niño, fenômeno de aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico que traz impactos negativos no regime de chuvas do Ceará. “A possibilidade de ocorrer o El Niño é muito pequena”, frisa.
A expectativa de La Niña também é apontada no último informe técnico do Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Segundo o estudo, recentes anomalias negativas de Temperatura da Superfície do Mar no Oceano Pacífico dão pistas para a consolidação do evento nos próximos meses.
A National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), instituição do governo americano, ratifica que há de 55% a 60% de chances de La Niña durante a primavera e o verão no hemisfério sul, período que começou em 22 de setembro e deve durar até 20 de março do próximo ano.
Contudo, para Diogo Arsego, meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), ainda é cedo para se dar um prognóstico preciso. “Se confirmado nos próximos meses, o La Niña pode significar precipitações acima da média no Ceará. Porém, o Oceano Atlântico Norte está aquecido pela ocorrência de furacões nos Estados Unidos e no Caribe, e isso é prejudicial porque desloca a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) para o norte”, detalha.
O ideal, para o climatologista, é continuar o monitoramento da temperatura dos dois oceanos para se estabelecer, com maior segurança, quais fatores e fenômenos climáticos vão prevalecer. Para o trimestre final de 2017, não é esperado que se chova no Estado. Também existe maior probabilidade de ocorrência de temperaturas acima da normal climatológica.
Cenário
Em outubro de 2015, as probabilidades climáticas indicavam maior ocorrência de El Niño. Resultado: no primeiro semestre de 2016, as chuvas ficaram 45,5% abaixo da média. Em outubro do ano passado, a avaliação do La Niña apontava para um cenário de neutralidade. Resultado: a quadra chuvosa 2017 ficou dentro da média, com desvio negativo de apenas 7,7%.
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