Edital lançado pela Adece prevê a realização do “Estudo das Águas” por empresa especializada em gestão hídrica. Contratação deve ocorrer ainda neste ano. Melhor preço e experiência técnica estão entre os fatores da seleção
O setor agropecuário do Ceará terá plano de gestão dos recursos hídricos. Isso permitirá a detecção, 12 meses à frente, das culturas mais viáveis. Ou seja, daquelas que gastam menos água, geram uma boa produção, melhor receita e mais empregos. Hoje, um dos pleitos do setor é viabilizar a irrigação. Isso porque o Estado passou por cinco anos consecutivos de seca (até 2016), problema que afetou a produção local, pois a outorga de água foi reduzida para o agronegócio.
Para a elaboração do plano, o Governo lançou, por meio da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), licitação – técnica e de preço – que contratará serviços de uma empresa especializada na gestão de recursos hídricos. A consultoria vencedora vai desenvolver o chamado “Estudo das Águas”, no qual deverá definir os indicadores e critérios de uso da água para o setor, especificamente nas regiões hidrográficas do Alto, Médio e Baixo Jaguaribe, Salgado e Banabuiú. Juntas, as cinco bacias somam 48% da área do Ceará.
O valor previsto para o estudo é de R$ 745,6 mil e as propostas técnicas e comerciais poderão ser entregues na sessão pública marcada para o próximo dia 30 de outubro, às 9 horas, no Centro Administrativo Bárbara de Alencar. Os recursos são da Adece.
O prazo estipulado para a execução dos serviços é de oito meses, contados a partir da data da assinatura da ordem de serviço. A expectativa do diretor de Agronegócios da Adece, Sílvio Carlos Ribeiro, é que a empresa seja contratada ainda neste ano. “A gente deve contratar em dezembro”, diz, lembrando que a medida é “urgente”, pois o Estado continua continua com situação hídrica delicada.
Segundo dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), os reservatórios do Ceará estão com 9,2% da capacidade total. O volume do Castanhão, na bacia Médio Jaguaribe, por exemplo, tem atingindo os menores níveis de sua história nos últimos meses. Ontem, registrava apenas 3,82%. “Com a transposição do Rio São Francisco, a água que chegará no Salgado e no Jaguaribe será cara, pois tem de ter uso nobre e eficiente”, enfatiza.
Redução da ineficiência
O estudo técnico idealizado pela Adece, há cerca de dois anos, culminou ainda na criação da Câmara Técnica para o Uso da Água na Agropecuária, no âmbito do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Conerh), em 2016. A Câmara planejou o edital.
As ações “inéditas”, diz Sílvio, vão ajudar a reduzir a ineficiência na gestão hídrica e ampliar a eficiência agropecuária. A dificuldade no setor, entretanto, não se restringe ao Ceará. “Em todo o Brasil há baixa eficiência na agropecuário, tanto dentro da fazenda, com na má irrigação, como na gestão da água. O agricultor quer água, mas nem sempre o máximo é o ótimo”, diz.
Saiba mais
A disponibilidade do Castanhão foi cortada para a irrigação voltada ao setor agropecuário, segundo Flávio Saboya, presidente da Faec. Para reverter o quadro de escassez de água, produtores têm recorrido a poços profundos. A falta de recursos hídricos levou empresas, como a Itaueira, a abandonar o Estado.
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